A LAFF 3D realizou recentemente a digitalização 3D de elementos do conjunto arquitetônico e paisagístico do Palacete Linneo de Paula Machado O conjunto, constituído pelo palacete, jardim e edificações anexas, possui duplo tombamento, pelo atual Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH/Prefeitura do Rio), desde 1987, e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC/Estado do Rio de Janeiro), em 2006. O palacete é um importante exemplar da arquitetura urbana do começo do século XX, localizado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Para o trabalho de digitalização 3D dos artefatos arquitetônicos e artísticos, incialmente foram pesquisados no arquivo IRPH[1] as peças constituintes do projeto de restauro e de requalificação arquitetônica do conjunto, incluindo levantamentos, mapeamento de danos, projeto de restauro, projeto do novo edifício anexo e mapa de fluxos entre as edificações.
O trabalho foi dividido em duas partes, na primeira, uma etapa piloto, foram digitalizados três elementos, em que foram capturadas as texturas e cores originais dos mesmos: um aparador de jantar em mármore; um gradil com guarda-corpo em ferro fundido e latão, no salão principal (Figura 1) e parte de um ornamento em formato de coluna, do salão de jantar.
Na segunda etapa foram digitalizados dois ornamentos com rostos femininos, situados sobre dois pórticos do átrio; ornamento com figura feminina no interior do tímpano, acima da porta de acesso ao antigo elevador no salão principal; ornamento da parede lateral do salão principal com temas florais; ornamento lateral em formato de coluna com características jónicas, no salão de jantar; ânfora decorativa na balaustrada do palacete com alto revelo de folhas e pássaros, junto ao jardim; vaso decorativo no jardim (Figura 2).
O serviço de digitalização foi realizado em apenas um dia na primeira etapa e em dois dias na segunda, por conta das restrições de horário devido à pandemia[2], enquanto o processamento e tratamento dos modelos 3D, em cada etapa, duraram cerca de três semanas. Os modelos 3D foram convertidos em malhas poligonais utilizando-se o software do digitalizador Peel 2, com essas sendo revisadas e tendo corrigidas falhas de descontinuidade nas superfícies, como também das texturas superficiais representativas dos materiais constituintes dos artefatos, gerando uma aparência realista dos elementos digitalizados tridimensionalmente. Após as malhas estarem totalmente contínuas e fechadas foram feitas as exportações dos modelos 3D para o formato de arquivo OBJ. Este tipo de arquivo permite a inserção de uma imagem contendo a textura (texture) e as cores superficiais que representam os materiais externos, constituintes da peça, e que conjuntamente com a forma do objeto estruturada em uma malha, representativa das superfícies, formam o modelo 3D do artefato neste formato de arquivo.
[1] Agradecemos aos técnicos do IRPH por nos franquear acesso a toda documentação do restauro e requalificação do palacete, apesar das restrições impostas pela pandemia.
[2] Agradecemos o importante apoio da equipe do FabLab da Casa Firjan nos dias da digitalização.